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User:pichi

Última modificação 11:57, 21 Ago 2009 por  pichi

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    De uma forma inexplicável, me apareceu a idéia de confrontar o presente e o futuro, então me veio a mente o mito da figura do Walt Disney, que ironicamente dizem estar hibernando, a espera que no futuro possam reavivá-lo e curá-lo de sua doença. Na realidade, o homem foi cremado dois dias depois de morto, mas a idéia de que alguém poderia viajar através do tempo em busca da eternidade (pois ninguém se quer pensa que um homem faz todo esse alvoroço para depois morrer de novo), me pareceu uma boa desculpa para participar deste evento(Seminário Crie Futuros, Senac, São Paulo, Setembro de 2008).

    Então, imaginei uma sala de hospital onde dois enfermeiros displicentes discutiam para definir quem seria o encarregado de despertar ao paciente.

    Aquele que por fim teve de cumprir a tarefa aceitou contrariado, mas sem antes lançar a insórdida frase “eu acordo este, mas a ti te espera Howard Hughes”.

    Em seguida, pude vê-lo com clareza no momento em que dizia “Olha, amigo, hora de levantar”, também vi o Dom Walt com uma cara desconcertante, como quem se pergunta “quem, como, quando?”.

    Por isso, tenho que ressaltar que não tudo que possa relatar daquele diálogo possa ser interessante ou congruente para as pessoas do século XXI, como a gente. Imagine o estado de perturbação que se encontra a pessoa que ficou num estado de inconsciência durantes séculos. Por isso, vocês entenderão que alguns fragmentos não me ficaram claros, assim como, certamente não ficarão para vocês. Mas talvez seja melhor assim, ou seja, para que não acabemos com a possibilidade do futuro nos surpreender.

    Portanto, isso é o que me lembro do diálogo entre um enfermeiro do futuro e um milionário criador de personagens de fantasia, ocorrida há algum um tempo, no futuro.
    Esclareço: transcrevo aquilo que me pareceu mais importante no diálogo, para não entediá-los.

    Ainda meio tonto e tremendo de frio, o senhor Disney perguntou:

    - Existe um tipo só de governo?

    - Não, existem milhares e as pessoas mudam de acordo com seus interesses.

     

    - E o que aconteceu com o Estado?

     

    - Pertence a todos. Passou a ser de todos quando as licitações fracassaram.

     

    - Como assim licitações?

     

    - Bom, quando fracassou o sistema de governo por partidos políticos, durante muito tempo, a população elegeu empresas que gerenciavam as cidades, mas mesmo assim não funcionou muito bem. Logo em seguida, se criaram computadores capazes de dar as coordenadas para se administrar as cidades, mas também não funcionou. Portanto, finalmente decidimos nós mesmos fazê-lo.

     

    - Ah! Por fim os homens são todos iguais?

     

    - Não, são todos diferentes e ninguém quer ser parecido com o outro.

     

    - As religiões se acabaram?

     

    - Não, há centenas de religiões.

     

    - Então as pessoas acreditam em Deus?

     

    - As pessoas crêem isso é o importante, alguns obviamente, em Deus.

     

    - Vivem eternamente?

     

    - Não, ao redor de 100 anos, de acordo com a escolha de cada um.

     

    - Como de cada um?

     

    - Cada um decide como quer viver. A pessoa decide se quer comer bem ou mal, não se obriga ninguém a nada. Tem gente que gosta de correr riscos, sei lá... escolhe como viver e escolhe como morrer.

     

    - Portanto não existem problemas?

     

    - Sim, senhor, por sorte muitos problemas. O que seria de nós sem os problemas. Certeza que andaríamos nos matando uns aos outros. Gostamos de discutir apaixonadamente sobre tudo, dessa forma após uma discussão podemos desfrutar de muita mais de uma cerveja.

    Como não estava entendo muito o que se passava na Terra, o senhor Disney preferiu sair do contexto e perguntou:

    - Tem gente morando em Marte?

    - Senhor Disney, porque iríamos viver em um lugar tão distante e escuro, se temos o sol a nossa disposição, ar limpo para respirar profundamente ou rios de água transparentes.

    - Mas então a terra não nem um deserto nem mesmo um enorme glacial?

    - Segundo o que li a única diferença entre a sua época e a nossa é que agora os desertos e os glaciais somente são pontos turísticos, talvez como antes fossem os seus falsos parques na Florida. Nós temos muito tempo para ir de um lado a outro, e amamos as montanhas, os rios, estarmos com gente diferente, experimentarmos suas comidas...

    - E então, explodiram a bomba atômica?

    - O que era a bomba atômica, senhor?

    - Não leve a mal a minha pergunta, já que estamos sozinhos: existem mulheres?

    - Como pode imaginar qualquer tipo de vida sem mulheres!

    - Ah, então existe o casamento?

    - Não, não sei o que é isso.

    - Me conte sobre os robôs e as máquinas, morro de curiosidade.

     

    - Não faça isso, senhor Disney. Justo agora que ressuscitou vai voltar a morrer! Olha, não sei o que é um robô, lamento desiludir-lo; e quanto às máquinas, devo dizer-lhe que muitas foram construídas nos últimos anos, mas só algumas nos serviram, por exemplo, a máquina que mostra a pessoa tal como ela é.

     

    - Isso já existia, chamava-se Radiografia.

     

    - Não senhor, você não entende: tal como é. Acho que antes a chamavam de terapia ou psicanálise, mas era feito sem máquina e não teve o resultado esperado. Deixe-me continuar.

    Inventou-se a máquina de exterminar máquinas, para que sua tarefa fosse encoberta por homens; a máquina para limpar os dejetos espaciais que tapavam as estrelas; a máquina que recicla excrementos humanos e a que purifica a água de nossos domicílios para que chegue limpa nos rios. Ia te contar que inventaram também

    os carros a água, mas me lembrei que foram criados no século XX, sem embargo ninguém sabe porque não os utilizavam naquela época.

    - Com tão poucas máquinas, vocês devem estar muito ocupados, Quanto tempo se trabalha por dia?

    - Olha... Só 6 horas, durante a metade do ano.

    - Só metade do ano? E o que fazem no resto do tempo?

    - Conhecem lugares, ajudam os que necessitam, educam, informam, unem-se a outras pessoas para pensar como poderiam viver melhor. Acho que agora estão mais preocupadas em viver do que em sobreviver.

    - Me fale do campo. O que cultivam?

    - Em que época? Em qual lugar, senhor Disney? Cultiva-se o que precisa para viver. Você faz perguntas absurdas! As pessoas deixam um espaço nos seus campos para semear aquilo que os outros necessitam.

    - Existem vilas e cidades?

    - Claro que sim! Cada vila tem uma festa diferente de todas as festas, cada um tem uma comida diferente de todas as comidas; cada cidade um produto diferente de todos os produtos; e muitos produtos necessários para todas as outras cidades.

    Somos todos o todo!

    Ele falou:

    - Você fala meu idioma! Então todos falam inglês?

    - Não, não, eu estou falando em português e você me entende <personname productid="em ingl↑s. Entende" w:st="on">em inglês. Entende</personname>?

    - Não, não importa. E falando nisso... e o que é importante para as pessoas?

    E o enfermeiro lhe disse:

    - Você, por exemplo! Passamos anos esperando este momento. Na realidade, eu quem deveria fazer as perguntas...

    - Ah sim... Para saber como inventei a Mickey Mouse?

    - Não, para saber o que pensa do presente. Descobrimos que você participou de um acontecimento que se realizou <personname productid="em S ̄o Paulo" w:st="on">em São Paulo</personname>, o Crie Futuros, há vários séculos, no qual se imaginou como seria a nossa realidade. Não é isso?

    - Não, vocês estão mal informados.

    - Pode ser, mas deixo claro que permanentemente nos esforçamos para encontrar a verdade do nosso passado. Mas daquela época é muito complicado obter informação, você sabe, os meios de comunicação de outrora...

     

    Exasperado, ele disse:

     -

     Eu inventei o Donald! O que foi o Crie Futuros?

     

    - Como posso dizer-te? Ali começou tudo.

     

    Então, com a voz mais resignada que já se tenha ouvido até agora, talvez tentando encontrar alguma segurança no momento em que lhe  tocava viver, perguntou:

     

    - E quem é o presidente da minha empresa?

     

    Com delicadeza e temendo voltar a perder o sentido, o enfermeiro lhe explicou:

     

    - Sua empresa é pública, e de fato não é mais uma empresa, é de todos.

    Depois disso, o senhor Disney não lhe dirigiu mais a palavra, algo que, sinceramente, lamento por estas jornadas.

     
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